PSICOLOGIA HOSPITALAR E O CUIDADO ENQUANTO SER PARA A MORTE: DIÁLOGO ENTRE KUBLER-ROSS E HEIDEGGER
Resumo
Esse trabalho visa mostrar em que medida a fenomenologia de Martin Heidegger e a teoria sobre a morte e o morrer proposta por Kubler-Ross podem se relacionar sobre o cuidado enquanto ser para a morte. Para realizar tal tarefa, os objetivos são: i) identificar o modo como Kubler-Ross compreende o cuidado diante da morte; ii) descrever a compreensão Heideggeriana sobre o cuidado; iii) apontar como a fenomenologia proposta por Heidegger pode contribuir sobre o fenômeno do cuidado na perspectiva teórica sobre a morte e o morrer. A trajetória metodológica percorrida procurou proporcionar uma reflexão teórica acerca do cuidado, buscando o encadeamento de um argumento acerca do tema proposto. Na teoria sobre a morte e o morrer, o cuidado é representado com mecanismos de defesa dos quais sujeitos ao se deparar com a finitude no ambiente hospitalar, utilizam como forma de encarar o processo de morrer. Por outro lado, a tese heideggeriana é que sendo, somos sempre para a morte, tendo como fenômeno originário da existência o cuidado. Não se trata de, ao se encontrar diante da morte cuidar-se; sim de ter o cuidado como fundamento existencial. Isso pressupõe que fugir ou negar diálogos sobre a morte no dia-a-dia são modos que ressoam o fenômeno existencial originário. Com isso, tornar-se-á visível que os mecanismos propostos por Kubler-Ross podem ter seu fundamento no cuidado originário. O trabalho fenomenológico aqui tratou de proporcionar ao psicólogo hospitalar, uma “espécie de limpeza de terreno” em que cada psicólogo/pesquisador tendo essa abertura no campo compreensivo, pode decidir se segue a proposta teórica por Kubler-Ross, ou se busca uma nova análise acerca dos conceitos fundamentais dessa teoria.
Downloads
Referências
ABDALA, Amir. A Morte em Heidegger. 1°ed. Jundiaí: Paco Editorial,2017.
ANGERAMI-CAMON, Valdemar Augusto. O Psicólogo no Hospital. In. V.A Angerami- camon (org). Psicologia Hospitalar: Teoria e prática. 2° ed. São Paulo: Cengage Learning. pp 01-14, 2010.
CASTRO-ARANTES, Juliana Castro-Arantes, Juliana, os feitos não morrem: psicanálise e cuidados ao fim da vida. Ágora: Estudos em Teoria Psicanalítica, Rio de Janeiro, dez.2016. Dísponível em: <http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=376547462013>. Acesso em: 20 de mar. 2019.
ELIAS, Nobert. A solidão dos moribundos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,2001.
FOUCAUT, Michel. A hermenêutica do sujeito. Tradução: Márcio Alves da Fonseca e Salma Thannus Muchail. 2° ed. São Paulo: Martins Fontes Editora Ltda,2006.
GORNER, Paul. Ser e Tempo: Uma chave de Leitura. Tradução: Marcos Antônio Casanova.1°ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2017.
HEIDEGGER, Martin. Ser e tempo. Tradução: Marcia Sá Cavalcanti Schuback. 10°ed. Petrópolis: Editora Vozes,2015.
______. Seminários de Zollikon. Tradução: Gabriella Arnhold e Maria de Fátima de Almeida Prado. 3° ed. São Paulo: Editora Escuta Eireli-ME,2017.
KAHLMEYER-MERTENS, Roberto S. 10 Lições Sobre Heidegger. 1° ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2015.
KUBLER-ROSS, Elisabeth. Sobre a morte e o morrer. Tradução: Paulo Menezes. 7°ed. São Paulo: Martins Fontes editora Ltda, 1996.
______. Viver até dizer adeus. Tradução: Henrique Amat Rêgo Monteiro. 1°ed. São Paulo: Editora Pensamentos,2005.
MINAYO, M.C.S. Pesquisa Social: Teoria Método e prática.21°ed. Petrópolis: Editora Vozes,2015.
NUNES, Benedito. Heidegger & Ser e Tempo: Filosofia Passo a Passo. 1° ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.
ROCHA, Zeferino. A Ontologia Heideggeriana do Cuidado e Suas Ressonâncias clínicas. Síntese- Rev. De Filosofia, Belo Horizonte, v.38, n° 120, p. 71-89, Jan. 2011.
SIMONETTI. Alfredo. Manual da Psicologia Hospitalar: O Mapa da Doença. 2°ed. São Paulo: Casa do Psicólogo,2004.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Os trabalhos publicados passam a ser propriedade da REER, devendo após a publicação ser informada a respectiva fonte.
O conteúdo, bem como as opiniões nos artigos são de exclusiva responsabilidade dos autores.